segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

45ª Conversa

Nem sempre a forma como nos vemos é a forma que os outros me veem, e comigo isso acontece frequentemente e em muitos pontos. A forma que eu me vejo, perante certos aspectos, é muitas vezes retorcida por marcas do passado. As outras pessoas, por sermos todos diferentes e por não terem passado pelas mesmas situações que eu, não têm a mesma envolvência e por isso não terão a mesma interpretarão os mesmos assuntos que eu.

Agora como é que vou conseguir sair eu do nevoeiro e ver com a clareza dos outros? Preciso de trabalhar para afastar as nuvens, e talvez passe, numa primeira fase em acreditar naquilo que dizem de mim. Porque não? Se os amigos (que sei que o são) acham isto ou aquilo a meu favor, porque estariam eles a inventar? Acho que tenho amigos sinceros ao ponto de me dizerem o bom e o mau e que não querem nem precisam de me engraxar... Claro que não poderei acreditar apenas porque me dizem, mas poderá ser um ponto de partida, mas terá sempre que passará por uma reflexão interna seguida de uma aceitação.

Sou assim? Pois sou! É bom? Óptimo! É mau? Talvez possa fazer algo para melhorar, não deixando de ser quem sou...

44ª Conversa

Nem sempre é facil falar, nem sempre é facil verbalizar determinados assuntos, dores, fantasmas... Custa? Sim, custa dizer, custa aceitar, custa ouvir-nos dizer determinadas coisas... assumir! Naquele momento, mais do que assumir perante os outros, existe um assumir perante nós. E quando o fazemos, algo mexe cá dentro... Algo dito em voz alta é algo que estamos a "formalizar" e a partir desse dia aquela é a realidade... Uma realidade que tentaremos aceitar e inclui-la nos nossos moldes já pré-formatados.

Sei que tenho muita dificuldade em falar de mim, das minhas coisas, dos meus sentimentos. Sei que eu própria crio barreiras invisiveis que impedem chegar até mim, barreiras que estou, neste momentos, a querer eu própria ultrapassar.

Quando o faço preciso sentir que me ouvem, que sentem, que dão importância ao que estou a dizer... Preciso ter tempo e espaço para expor tudo o que tenho a dizer, preciso que não fiquem palavras para depois... Quando o faço preciso de estar certa que vou ter ganhos e não apenas perdas... ganhos por uma dor partilhada ser uma dor dividida por duas pessoas... Preciso muito de saber que não vai haver um julgamento, porque o maior é e será feito por mim, comigo. Mas existem momentos e conversas que, quando existem em partiha, com disponibilidade, podem ser de uma suavidade extrema que nos tornam mais leves e nos dão força continuar a limpar o armário...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

43ª Conversa

Combinei com uma amiga que não via há anos encontrarmo-nos para lanchar. É uma amiga daquelas que passavamos horas a falar e que contavamos os segredos... Viamo-nos apenas algumas vezes por ano, a distância, que agora parece-me ridicula, impunha-o, mas não era esse o motivo para não a considerar a minha melhor amiga. Crescemos juntas, mesmo que distantes. Vi-a entrar na faculdade, um pouco antes de mim, e a sair da faculdade... Acompanhei o seu primeiro emprego, o outro... Acompanhei o seu primeiro namoro, acompanhei o termino e o inicio de outro... Agora, uns 10 anos depois de a conhecer, e passado uns 4 anos sem nos vermos, (apesar de termo-nos acompanhado mesmo que há distancia), na hora marcada, lá estavamos as duas sentadas à mesa daquele café no meio de tantos livros... Os primeiros instantes foram estranhos, somos agora duas mulheres que antes não o eramos... Mas depois dos olhares, vieram as palavras e essas trazem o carinho e a preocupação de sempre.

Não sei bem como mas em menos de uma hora, ela conseguiu pôr-me a falar de mim. Conseguiu provavelmente porque nós sempre falámos muito, mas... não contava faze-lo desta forma. Falei-lhe de mim, do meu percurso, das minhas dores, (de algumas) das minhas cicatrizes... Ela estava ali para me ouvir, como sempre tivemos uma para a outra, mas sei que ficou a pensar, até porque algumas coisas lhe passaram ao lado durante tanto tempo... Houve outras que não contei, claro está... seria um pouco demais em tão pouco tempo, mas foi bom assim...

O tempo passou rapidamente e soube a pouco... Para mim e para ela, eu sei que sim... Ficou o meu espanto por tudo o que disse e falei, ficou a certeza de uma amizade que me acompanha de forma tão verdadeira há tanto tempo... Ficou o sorriso.

42ª Conversa

Eu em confissão

Da última vez que estive com a Rita não me apetecia falar... Daqueles dias em que apenas me apetecia esconder debaixo dos cobertores, e fingir que não está ninguém. Mas como não podia ser... Lá tive eu que ir e... ainda bem que fui. Mostrei-lhe que não estou sempre assim tão bem, e que tenho alturas más, que nem sempre me apetece falar e que nem sempre tenho as certezas que digo ter. Não, não sou assim tão forte... Tenho um lado positivo muito forte? Se calhar tenho, mas por muito forte que seja, ainda existem momentos em que é vencido por esse outro lado... aquele que eu tento esconder debaixo dos cobertores. Mostrei-lhe tudo isso e ela... mostrou-me que posso ser diferente, que faz-me bem falar com ela, que me pode ajudar, e que ela consegue mostrar-me caminhos e razões que nesses dias não quero ver...

... Hoje estou aqui de novo, mas sem cobertores... Hoje estou aqui de mangas arregaçadas...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

41ª Conversa

Eu a deambular nos pensamentos

Existem momentos que apenas me apetece estar na escuridão com televisão ligada a debitar hertz e decibeis sem que eu esteja demasiado atenta. Passam filmes ou notícias que apenas iluminam a escuridão. Deitada, com uma manta a tapar-me o corpo fico ali desejando que o mundo esqueça que eu existo. Não tenho razões, apenas uma melancolia que arrefece e me tolda o pensamento a ponto de não pensar sequer. Não me apetece falar sequer... Preciso? Não poderei ficar no silêncio dos decibéis da televisão? Toca o telefone, respondo à chamada do mundo... Falo mas os pensamentos continuam embrulhados, sigo com pensamentos curtos, como se não conseguisse ordenar mais que duas ideias. No fim, desligo e sei que não me posso esconder e que me encontram mesmo no meio da escuridão... Levanto-me bebeda por aquele ar turvo, e vou colocar algo no estomago... Alimentar o físico para reforçar o espírito. O dever chama, ligo e desligo maquinetas que levam directamente para o mundo global. Não me queria esquecer? Cruzo-me com alguém que conheço apenas de nome de longas conversas de palavras escritas. É intrometimento por te preocupares? Não penses assim, de todo... As minhas "tristezas" de que falas e que (não) queres conhecer estão aqui, despidas de mim. As dores físicas, essas que me acompanham são apenas umas, porque existem muitas outras. As dores que marcam cá dentro estão a ser cuidadas, qual cérebro aberto em meio de uma cirurgia. Mas será suficiente? O meu "lado positivo muito forte", como a Rita lhe chama, tem-me ajudado a seguir caminho... Mas quero? Não posso eu ficar na sala escura e esquecer-me do mundo? Absurdo, eu sei... Não posso mesmo?! Absurdo, eu sei... Eu sei que quero, sei que tenho que... mas custa e neste momento faltam-me as forças. A razão? Como respondi ontem não sei, nem quero muito saber, não me parece que tenha uma razão concreta... Durmo e acordo e cá vou eu de novo para o mundo. Vou... tudo está bem, tudo parece bem. Mas não quero falar, não quero estar... Que tenho eu para dizer? Nada...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

40ª Conversa

Outro Eu - Se eu disse à Rita que tinha receio de me impor, de discutir de peito aberto, na segunda-feira fi-lo. Na segunda disse claramente o que achava, o que não achava e porque não achava. Na segunda-feira disse claramente porque é que tinha que ser assim: porque é assim que eu quero! Não, não foi um acto de mandar, foi um acto de me fazer valer. Esse "fazer valer" que muitas vezes não chegava por falta de confiança, por não me querer chatear ou discutir. Mas neste momento sei o que quero, tenho objectivos e tenho que os mostrar e demonstrar para os concretizar. Está na hora...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

39ª Conversa

Eu - Não tenho escrito, não tenho pensado... Não tenho tido tempo! A verdade é que não ando com tempo para nada... Ou será que tenho mas anda mal aproveitado? Não tenho pensado também porque existe um nó que preciso desactar mas não sei bem como. Sei que não o quero, mas sei que desse nó sairão feridas... No percurso, onde perdi o controlo?
Outro Eu - Para a realização de um sonho é preciso lutar muito, e muitas serão as vezes que encontraremos obstáculos, mas está em nós aprender a ultrapassa-los. Esse caminho tornar-nos-á mais fortes.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

38ª Conversa

Eu a pensar alto...

O que se sente quando, alguém que gostamos muito conta-nos um momento extramente doloroso seu, algo que não contavamos e que não podemos fazer nada para alterar?

O que se sente quando contamos algo muito doloroso a alguém de quem gostamos muito, um segredo que pensávamos que iria morrer connosco?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

37ª Conversa - Arriscar (parte 2)

Eu - Falei com a Rita sobre o post Arriscar, que se calhar não o teria feito por completo, no caso de Cambridge.
Outro Eu - E ela concordou, certo?
Eu - Sim, ela disse-me que quando eu lhe tinha contado, que se tinha apercebido disso mesmo, que se eu quisesse naquela altura teria conseguido ir, mas que houve coisas que me prenderam. Inclusivamente a falta de incentivo por parte das pessoas que estavam ao meu lado...
Outro Eu -Nós mostravamos que eramos fortes mas no fundo, era o medo que reinava.
Eu - Sim... E eu disse a Rita que esperava que, desta vez em que estou a tentar construir algo de raiz, não existissem os mesmos medos e as mesmas questões a prender-me. Ela disse-me que não, que isso não irá acontecer, e que ela própria não deixará que isso aconteça.
Outro Eu - Claro que poderão haver riscos reais.
Eu - Eu disse-lhe isso mesmo... Mas a verdade é que esses riscos poderão não passar de desculpas...
Outro Eu - E ela?
Eu - Ela disse-me que lhe cheiravam quando eram desculpas!! E que se fossem, apanha-as num instante... Ela comprometeu-se comigo.
Outro Eu - Óptimo...

36ª Conversa - Banalidade

Outro Eu - No outro dia em conversa com amigos, estavamos a falar sobre as outras pessoas. Não, não era a dizer mal dos outros, era falar sobre conteúdo das pessoas em geral. Quando falámos sobre pessoas banais, isto é, sem açucar, sal e pimenta, disse, naquele momento em tom de brincadeira, que eu era banal e estava ali. Responderam-me logo prontamente que eu não era nada banal, apesar de eu pensar que o era. Pergunto-me: Será que eu penso que sou banal?
Acho sinceramente que penso que não o sou. Apesar de toda a baixa auto-estima que tenho, e que foi construida ao longo de sempre, considero-me uma pessoa inteligente (há quem diga que sou das pessoas mais inteligentes que conhecem, mas isso são exagerados) e que sei manter uma conversa quase sobre tudo. Claro que existem assuntos que desconheço por completo, mas pelo menos tento manter uma cultura necessária (sim, porque para mim não existe cultura geral) para o conseguir. E vejo muito para além das roupas, das montras, da moda e dos relacionamentos dos outros que saem nas revistas. Depois como poderei chamar-me banal se tenho um passado como poucos sequer imaginam, com alguns esqueletos no armário e alguns não tão bonitos quanto isso? Como poderei ser banal se sempre me preocupei com os outros, e não só com os próximos, mas com a sociedade e tento dar a minha contribuição? Como poderei ser banal se tenho intensões bem definidas do que quero para o futuro e estou de alguma forma a tentar começar contrui-lo? Como posso ser banal se daqui a uns meses me quero envolver mais directamente no mundo da política?

Claro que muitas vezes posso achar-me menos merecedora de tais pensamentos, mas acho que apesar de tudo, no meu intimo, nunca me considerei banal...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

35ª Conversa - A outra que sou

Eu e Outro Eu

"Não vou... não quero ir... não quero ter que voltar! Sei que um dia, verás além de mim, que conseguirás finalmente ver-me, sem esse filtro que agora usas, que entenderás finalmente quem sou... que farás nesse dia com a outra?" (...) "Vem hoje, agora, já, e olha-me bem, como se fosse a primeira vez... quero que esqueças essa outra... essa que tens e que não sou eu! Abandona-a! Esquece-a! Ela é boa demais, fantástica demais... eu não... eu sou real... choro, riu, amuo, sou injusta, amo... sou o bom e o mau... inteira!"

Hoje encontrei algumas palavra que identificam essa outra que também existe em mim

34ª Conversa - Esqueletos

Eu - Todos nós temos esqueletos no armário, todos nós sofremos por este ou aquele motivo, todos nós temos um passado que influência o nosso presente.
Outro Eu - Certo, mas nem sempre se mostra esses esqueletos, aliás nem é a toda a gente que se mostra esses esqueletos.
Eu - Claro que não é sempre que os mostramos nem a todos. Mas primeiro temos que aceitar que eles existem, aceita-los e reconhece-los. Depois lutar para os ultrapassar, tentando minimizar as mazelas causadas. Só aí podemos abrir as portas do armário e mostrá-los...