quinta-feira, 5 de novembro de 2009

124ª Conversa - Agressão

O sentido de "agressão" é muito variado, tão variado que poderá depender de pessoa para pessoa. Cada um tem a sua percepção do que é ou não agressão, apesar de uma agressão ser sempre agressão, independentemente da sua percepção. E por isso pergunto: Pode a agressão ser desvalorizada? A agressão quando passa de pontual a constante não passará a ser vista como algo normal, mesmo sem o ser? Não desvalorizamos a agressão quando não é física? Mas não poderá a verbal causar tantos ou mais danos que a física?

6 comentários:

Paula Raposo disse...

Sem dúvida nenhuma. Fui vítima de agressão verbal psicológica, sei como é.
Beijos para ti.

teresa disse...

não duvides amiga , á palavras que doiem mais que uma xapada na cara .
pois as palavras ficam para sempre marcadas na nossa mente , e no nosso coração .


´´ quanto ás palavras, nunca se dirá bastante o quanto uma palavra de critica , de maledicência, pode realmente matar, e ao invés , uma palavra benévola pode curar.´´
[livro - o impressionante segredo das almas do purgatório]

beijinhos amiga .

Marta disse...

agressão, começo com letra pequena porque a ideia não me permite maiúsculas, muito menos respeito.

Fazes várias perguntas, para as quais eu tenho as minhas respostas de hoje, que não são necessariamente as de ontem, ou as de amanhã, ou as de toda a gente.

"Pode a agressão ser desvalorizada?" - Pode, infelizmente é todos os dias, em cada uma das mulheres ou homens, que enquanto colocam gelo nas negras pensam: "ele/a (reparem na minúscula mais uma vez) está mesmo arrependido/a." ou "Foi só desta vez.", em cada autoridade que fecha os olhos. E pode também ser desvalorizada no caso da agressão psicológica, por exemplo quando com o tempo temos tendência (os mais optimistas pelo menos) a lembrar apenas o lado bom, a pensar que não foi dito com essa intenção, portanto, sim, podemos desvalorizar, que é diferente de perdoar, e isso já é outra questão, mas, não será que também a sobrevalorizamos, no caso da psicológica, de forma a justificarmos determinadas escolhas? Não empolamos nós o que talvez nem nos tenha sido dito com aquela intenção, muitas vezes até com aquelas palavras? Se somos sensíveis o bastante para nos magoarmos com qualquer mau tom, e eu sei do que falo porque ando assim, tanto que até me enjoa, devíamos fazer o (difícil) exercício de tentarmos ouvir-nos, a nós próprios a agredir os outros... ou não era agressão? Ah pois, agressivos são os outros, nós só desabafamos... temos todos, em qualquer lugar, tendência a sermos "vitimas" da maldade alheia... e a nossa? Pois, alguém por aí se queixará dela.. sabes que neste caso falo acima de tudo de mim, creio que me entendes, mas penso que o meu não é um caso único. Ou serei eu a desvalorizar?!

“A agressão quando passa de pontual a constante não passará a ser vista como algo normal, mesmo sem o ser?” – Não! Não acredito.

“Não desvalorizamos a agressão quando não é física?” – Sim. Se eu algum dia tivesse levado umas galhetas saberia ainda hoje onde me tinham aparecido as negras.

“Mas não poderá a verbal causar tantos ou mais danos que a física?” _ Porque acredito no que acabei de te dizer, tenho que te responder que não!

Cátia disse...

Paula,

Acaba por marcar a forma como se está na vida, nao é? Força para ti.

Um beijo,
CA




Teresa,

Se há... Obrigada pela citaçao.

Abraço
CA

Cátia disse...

Marta,

As tuas respostas hoje, sao importantes assim como serão importantes as de amanha, embora nao seja sempre e necessariamente iguais às minhas de hoje e sabe Deus as de amanha.

Tambem acho que a agressão é muitas vezes desvalorizada, seja a fisica seja a psicológica... A fisica é mais dificil de desvalorizar, porque é um acto concreto. Quanto à psicológica acho que falaste em "dois tipos" de violência diferente. Uma coisa é quando respondemos mal e que, sem intensão de ferir acabamos por o fazer. Mas isso é resultado da besta que há um pouco em todos nós. Não sou melhor nem pior que os outros, e sei que às vezes agrido os outros...

... Mas nao me referia propriamente a essa, que posso estar neste momento a desvalorizar e que pode tambem causar danos. Falava daquela que se ouve insultos ou palavras de desprezo todos os dias. Aquelas que destroem qualquer auto-estima e que às tantas são as proprias pessoas que já estao a repetir para si o que os outros disseram. Estou a referir-me àquelas palavras que sao ditas com proposito de ferir... como qualquer chapada, como diz a teresa em cima.

E acho que nesses casos, para essas pessoas, a gressao passa a ser vista como normal... porque infiltra-se na propria pessoa, na sua mente, na sua forma de se olhar e de olhar o mundo.

E é por tudo isto, que eu nao posso concordar com a tua ultima premissa...

Beijo para ti
CA

Marta disse...

Basta que tenhamos vivido coisas diferentes para que as minhas respostas sejam diferentes das tuas, isso parece-me até uma coisa boa. E é pelo que eu conheço e pelo que conheço de mim, que no comentário anterior disse o que disse, acho que já percebeste.

Quanto à tua questão final, que me parece ser onde fundamentalmente discordamos, se falarmos em extremos de violência, de agressão, e se compararmos nesses moldes, não desvalorizando a violência psicológica, na minha opinião a física é mais marcante. Associada à bofetada, ao pontapé, ás escadas abaixo, vem a profunda humilhação, a desvalorização constante. Não estão essas vitimas condicionadas na sua forma de ver o mundo e de se verem?
Se me disseres que a psicológica é mais difícil de provar perante alguém, isso sem duvida, mas infelizmente muitas das vitimas querem proteger o agressor... perante os outros e perante si mesmas.

Mas enfim, a noite vai longa e os miados não param... não sei mais que lhe fazer...

Beijo grande!

ps - sempre que falamos neste assunto eu não resisto a fazer comentários de metro... :S