sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

132ª Conversa - O suicidio

O suicídio é uma palavra que entrou no meu vocabulário há 14 anos. Foi um dia marcante em que me foram bater à porta e que me disseram: Telefona ao teu pai, o teu avô matou-se! Não obstante disso a minha mãe disse-me, do outro lado da linha telefónica: Não telefones ao teu pai, vai ver o que se passa! E eu fui... e deparei-me com a cena que não poderei ou não conseguirei esquecer: o meu avô deitado, de cara para o chão, com o chapeu caido ao lado da cabeça, e com o sangue pisado a subir-lhe da testa até a meio da cabeça careca... Depois disso tudo se torna nublado na minha cabeça mas foi um dia longo... muito longo.

Depois desse dia, surgiram vários sentimentos, conforme fui crescendo... O medo foi o primeiro. Medo que o meu pai fizesse o mesmo, porque o disse muitas vezes... e ainda diz. Depois veio a noção de que havia uma fuga facil para os problemas - o suicidio. Quantas vezes pensei em todos os pormenores?! Desde o sitio, a forma, as cartas que deixaria,... Mas nunca fui mais longe. O terceiro sentimento foi a revolta. Revolta por ter essa herança, por ele me ter marcado tão profundamente para a vida... E por ultimo veio a consciência de que Suicidio é uma cobardia e não solução... Não existe nada que não tenha solução! Mas vivo com esta sombra no meu caminho... sombra que combato com o sol de todos os dias.

Parabéns avô por estes 14 anos...
... que tanto me fizeste sofrer.

13 comentários:

Paula Raposo disse...

Saio em silêncio depois de te ter lido. Beijinhos.

jota disse...

Não sei o que dizer... limito-me a ficar presente...

j

teresa disse...

deixo-te apenas um abraço forte ..
e apenas te quero dizer isto ,,, tu és muito mais forte que isso ....


beijocas grandes minha querida ..
e deus te abençoe ...

marta disse...

Cheguei a casa à pouco, ainda nem desfiz o saco, se é que o vou desfazer, na próxima semana vou pra lá novamente, mas vim ler porque estive sem net e esta é uma boa forma de pôr as coisas em dia.
Não era suposto comentar nada, mas depois deste post tinha que comentar... tu sabes que eu tinha e perceberás certamente o que te vou dizer:
Gostei MUITO de te ler! Apenas isto! :)

Beijo grande primota.

Deixo-te um copo de leite e uma fatia de bolo...não fui eu que fiz, trouxe da minha mãe... ficas a ganhar porque ela é muito melhor cozinheira do que eu! ;)

Muahhhhh

Fontez disse...

sem muito a acrescentar, apenas de salutar:
és uma guerreira!
(que os Anjos não abandonarão)

abraço apertado.

Je Vois La Vie en Vert disse...

Olá Cátia,

Gostei muito de te conhecer ontem e de ti emana tanta doçura e gentileza que até confiei-te alguns sentimentos meus.

E como pedes, vou deixar aqui as palavras do meu coração :

Deves ter sofrido muito, e vê-se que ainda sofres. Mas não acho que o suicídio é cobardia, acho que é desespero, falta de amor à vida.
Acho que uma pessoa que se suicida não está bem no seu estado normal psicológico porque é contra a natura atentar contra a sua vida. Quem faz isto também não pensa bem naquilo que vai fazer aos outros que ficam. Ou, como tu, pensa fazer, mas a razão é mais forte !

Ainda não perdoaste ao teu avô. Não achas que está na altura de fazê-lo? Ele também não sabia que eras tu que ias encontrá-lo assim.

Sabes o que me revolta mais ? São os adultos que deixaram uma criança passar por esta horrível experiência de encontrar o corpo. Mas somos todos humanos e todos erramos.

É uma situação muito cruel para qualquer pessoa e para mim seria ainda mais porque nem suporto ver pessoas mortas. Acho que se me acontecesse, fazia um tratamento de hipnose para eliminar este episódio da minha memória. É uma sugestão que te dou. Há médicos que fazem isto.

"Não existe nada que não tenha solução! Mas vivo com esta sombra no meu caminho... sombra que combato com o sol de todos os dias" Tens toda a razão de falar assim ! A vida nem sempre é fácil mas vale a pena ser vivida !

Não decidimos quando nascemos e também não devemos decidir quando morremos, é a natureza para os laicos ou Deus para os que têm fé, que decide isto.

um beijinho verde de esperança da

Verdinha

Sara S. disse...

Não imagino como terá sido. Não imagino o que terá sido viver com isso durante tanto tempo nem como é possível carregar essa memória por mais e longos anos. Não sei. Mas partilho essa familiaridade com a palavra. Infelizmente sim.
Já admirava esta luta antes, esta que se traduzia nestas palavras e frases todas de avanços e recuos, mas agora, tendo presente essa realidade, admiro ainda mais. Acho que posso somente dar uma palavra de alento: força!, porque não há muito mais que possa ser dito. Força Cátia.

Fá menor disse...

Superar, com o sol radioso que brilha de dentro de ti, é a ordem que te deve comandar. E deixar brilhar sempre mais e mais essa luz que te ilumina.

Um beijo e um abraço gigante de coração para coração

Maria José Speglich disse...

Eu acho que o suicidio é uma forma digna de morrer.
Só é necessário ter coragem.

Fá menor disse...

Maria,

O suicídio nunca pode ser uma forma digna de morrer! Para além de a vida humana ser inviolável, o que quer dizer que ninguém tem o direito de a tirar, quer a outrem quer a si mesmo, considero que nunca é um acto de coragem, mas antes um acto de cobardia. Acto de verdadeira coragem é o enfrentar a vida conforme ela se nos apresenta.
O suicídio é um acto de puro egoísmo porque não há contemplações pelas outras pessoas que podem ser envolvidas nele e que sabe Deus o que poderão vir a passar por causa disso!

(Desculpa, Cátia querida, esta resposta... mas... entendo que há coisas que não devo calar. Um Abraço enorme para ti!)

carlos disse...

Cátia, vai ver as "ÂNCORAS" no meu blog...terás a resposta para esta dificuldade...beijos. Carlos

carlos disse...

Cátia, vai ao meu blog e no post " AS ESTRELAS ", e procura-o...Beijo com carinho. Carlos

Carracinha Linda! disse...

Há assuntos muito delicados e que nos deixam sem palavras... E é assim, calada que eu saio...


Beijinhos